É como se a vida estivesse em um vazio
completo. Semana passada já é hoje, e até agora não pude se quer ouvir um tom
da sua voz. Nos vimos pela ultima vez na volta da viagem ao paraíso, foram
quatro dias intensos que de nada adiantaram.
Lembro-me muito bem de ouvir a porta do
carro bater com tanta força, chegou quase a amassar a pobre lataria, que com a situação
não tinha nada a ver. Eu que ate então tinha a plena certeza de estar atuando certo,
eu que acreditava mais nesse amor do que nos meus próprios sonhos, e agora são só
parágrafos de palavras vazias.
Sempre pensei que escrever textos em
primeira pessoa fosse tão errado quanto amar sem ser amado. E cá estou eu nas
duas situações.
Falando em situação, hoje é sábado, e
olha a situação em que me encontro, já se foi uma carteira de cigarro pulmão
abaixo, poderia estar em algum grupo de amigos bebendo e falando o quão legal é
o meu emprego, ver a planta do apartamento novo de algum deles na parte mais chata e
barulhenta da cidade, mas pra que isso ? Vou me sentar la e lembrar que você me
arrancava de todo esse constrangimento com um olhar do tipo “canto de olho” que
já sabíamos onde ia dar, de preferência bem longe dali no banco de trás do
carro com os vidros embaçados. Mas eu preferi ficar aqui lembrando a falta que
as suas calças jogadas no banheiro me fazem falta, ou os surtos noturnos de só
sair por ai quando a rotina estava a nos massacrar. O quanto era bom ouvir uma
banda “nova” dos anos 70 que você havia descoberto e viajar pela fumaça que
saia de nossos pensamentos.
Mas já é tarde para aproveitar a noite e
tarde para voltar atrás e dizer que a vida não é mais tão boa como costumava
ser com você chutando as minhas palavras escondidas em meus textos de primeira
pessoa.
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