quarta-feira, 9 de abril de 2014

Em primeira pessoa novamente.

      É como se a vida estivesse em um vazio completo. Semana passada já é hoje, e até agora não pude se quer ouvir um tom da sua voz. Nos vimos pela ultima vez na volta da viagem ao paraíso, foram quatro dias intensos que de nada adiantaram.
      Lembro-me muito bem de ouvir a porta do carro bater com tanta força, chegou quase a amassar a pobre lataria, que com a situação não tinha nada a ver. Eu que ate então tinha a plena certeza de estar atuando certo, eu que acreditava mais nesse amor do que nos meus próprios sonhos, e agora são só parágrafos de palavras vazias.
      Sempre pensei que escrever textos em primeira pessoa fosse tão errado quanto amar sem ser amado. E cá estou eu nas duas situações.
      Falando em situação, hoje é sábado, e olha a situação em que me encontro, já se foi uma carteira de cigarro pulmão abaixo, poderia estar em algum grupo de amigos bebendo e falando o quão legal é o meu emprego, ver a planta do apartamento novo de algum deles na parte mais chata e barulhenta da cidade, mas pra que isso ? Vou me sentar la e lembrar que você me arrancava de todo esse constrangimento com um olhar do tipo “canto de olho” que já sabíamos onde ia dar, de preferência bem longe dali no banco de trás do carro com os vidros embaçados. Mas eu preferi ficar aqui lembrando a falta que as suas calças jogadas no banheiro me fazem falta, ou os surtos noturnos de só sair por ai quando a rotina estava a nos massacrar. O quanto era bom ouvir uma banda “nova” dos anos 70 que você havia descoberto e viajar pela fumaça que saia de nossos pensamentos.
      Mas já é tarde para aproveitar a noite e tarde para voltar atrás e dizer que a vida não é mais tão boa como costumava ser com você chutando as minhas palavras escondidas em meus textos de primeira pessoa.


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