quinta-feira, 15 de novembro de 2012

O mesmo discurso de sempre.

"Às vezes dá vontade de desistir de tudo, não sair mais de casa, dormir e dormir."
Caio Fernando Abreu

Se a vida ao menos bonita fosse eu já acordaria sorrindo. Eu não deveria falar essas coisas, certo?! Se minha mãe me ouvisse dizer isso, já viria com seu discurso decorado de que não se diz essas coisas, que existem vidas piores, gente doente e sem uma perna ou qualquer outro membro, e na minha mente doente eu pensaria, que se foda essa merda toda, não estou feliz e acabou. É até uma grande besteira dizer isso, não é mesmo?! Afinal você também acha um exagero meu dizer essas coisas. Mas é que na verdade nem eu sei o motivo de tanta infelicidade, deve ser porque eu sou muito medrosa e fraca que luta contra a cama toda santa manha, deve ser porque eu tenho que acordar cedo todos os dias e sair de cara inchada para o trabalho, mais inchada do que eu já sou, ou deve ser infelicidade com meu peso ou meu rosto manchado por causa de alguma doença que eu tenha mas tenho um puta medo de ir ao ginecologista. Ou o meu quarto que nunca está organizado. Pode ser também pelo fato da minha vida amorosa estar um lixo, por se estranha demais e não ter nenhum cara interessante jogado por uma esquina que se apaixone por uma grande causa perdida.
Deve ser essa minha neurose de querer ficar trancada no quarto o dia inteiro, dormindo e dormindo, mas eu nem posso, minha mãe quer que eu seja perfeita, e ela se pergunta todos os dias porque que Deus deu filhos tão horríveis a ela e blá blá blá, só porque odeio bancar a domestica, é errado Deus? Desculpas então.
Queria ser o quanto normal eu pudesse, menos complicada se possível, mas quanto mais eu tento, pior fica a situação. Parece mais um daqueles textos de menina, daquelas bem idiotas que leem Harry Potter, e é depressiva porque a saga acabou, mas não é não, nem gosto de Harry Potter, só queria desabafar mesmo, queria por pra fora os socos que dei na parede hoje e dizer o quanto meus dedos estão roxos, mas da pra escrever bem, estou até conseguindo dobra-los. É que no final da tarde as coisas até melhoraram, minha mãe pela primeira vez em trezentos e vinte anos pediu desculpas pelos quilos de bosta que ela disse, aquelas bem fedidas, mas eu tenho dom natural para aguentar essas coisas, e depois descontar em mim todas as raivas que me fazem.
Esse é mais um daqueles textos que a gente não deixa ninguém ler, mas esconder pra que né? Esconder as coisas é tão feio, e eu adoro fazer isso, mas não por ser duas caras, é só pra deixar nossas partes mais escuras só pro espelho refletir, afinal quem nunca chorou olhando pro espelho e tentando reter as lagrimas, só quem odeia chorar na frente dos outros sabe o que eu digo.
Eu me culpo até pelas insônias horríveis que meu irmão tem, e não são daquelas de bater um papo cabeça, ele chora, debate e manda ir embora, acho que é por isso que eu venho tendo a cada dia mais paciência, venho amando-o a cada dia mais. Depois de uma longa discussão com um amigo que ainda tenta enfiar algumas coisas na minha cabeça dura, eu nem contei a ele que aprendi, mas acho que ele já sabe, ele sabe também que eu nunca vou dizer “obrigada pelas suas palavras”, ou “aprendi com você” ou ainda dizer que ele esta certo, nenhuma dessas coisas. Enfiou na minha cabeça que meu irmão é minha obrigação mais do que ninguém, discordei até onde pude, mas foi irrelevante não aceitar.
Deixa tudo isso pra lá, são  3 da manha e eu nem se mais o que estou dizendo, ou sei muito bem mas não quero que você realmente saiba, vai sendo feliz até onde você pode, acorde cedo e como pouco, pois afinal dormi muito e comer demais é coisa de quem não é feliz.

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